sexta-feira, 15 de maio de 2009

TREM DO PANTANAL


Os motores são acionados. A locomotiva começa a deslizar pelos trilhos e uma seqüência de paisagens verdes, povoadas por tamanduás, jacarés, araras e tuiuiús, começa a se vislumbrar pela janela diante dos olhos atônitos do ecoturista de primeira viagem. No Pantanal, não são os bichos meros coadjuvantes do mundo humano. Pelo contrário: os homens é que passam a atuar como figurantes no espetáculo regido pela natureza. Até que um zunido e o correr cada vez mais lento da locomotiva anunciam a chegada à primeira estação: Palmeiras. Hora de lembrar que o homem também tem seu espaço no palco. Mesmo que para um breve solo, de apenas 10 minutos, mas suficiente para fazer o passageiro acordar do transe hipnótico e contemplar sua própria arte assistindo a uma rápida apresentação cultural.
Sim, nós também fazemos parte disso tudo. Mas essa sensação de protagonista volta a se esvair assim que o turista retorna aos vagões. Impossível não sentir o ego murchar novamente diante da imponência dos morros do Chapéu, do Dedão e do Paxixi, do Bico da Arara e da Cachoeira do Morcego, na Serra de Maracaju. Ou, ainda, frente às emblemáticas praias fluviais, corredeiras e quedas d\\água formadas pelo Rio Aquidauana, bem à margem da linha férreas, que de tempos em tempos testemunham os espetáculos das floradas e da piracema.
Próxima parada: Aquidauana, fundada em 1892 por coronéis e pelo major Teodoro Rondon. Considerada a mais desenvolvida do antigo Estado do Mato Grosso, a cidade deve sua fase áurea à estrada de ferro original. O descanso, de três horas, é suficiente para saborear uma feijoada de pintado ou qualquer outra especialidade de peixe pescado nas águas doces do sul pantaneiro.
Vale acelerar a digestão, no entanto, para conhecer alguns atrativos turísticos da região antes que o trem volte a partir, como a Casa da Primavera, a Igreja Matriz imaculada Conceição e a arquitetura do casario antigo. O rio que dá nome ao município também proporciona momentos memoráveis nos safáris fotográficos, boas pescarias e a possibilidade de praticar alguma variedade de esporte náutico.
Quem quiser estender a estada também pode agendar passeios de barco, cavalgadas, trilhas ou expedições noturnas para focagem de animais silvestres. Em setembro, na semana do feriado da independência, acontece a Pantaneta, ou Micareta do Pantanal, animada pela alta concentração de repúblicas estudantis na região. Mas se o seu intuito for seguir viagem, cuidado: não vá perder o trem. A parada de três horas, que no início parecia muito, passa voando.
De volta aos trilhos, chega-se à Estação de Taunay, que homenageia o escritor Visconde de Taunay, autor do livro A Retirada da Laguna, epopeia da Guerra do Paraguai ocorrida no Mato Grosso.
Histórias à parte, o local ainda é reconhecido como referência nacional quando a discussão envolve a formação social de comunidades indígenas.
Aldeias também podem ser visitadas em Miranda: o ponto final do trajeto ferroviário, onde a atividade pesqueira atrai os aficionados por anzóis e garante fartas contribuições às mesas. É bem verdade que algumas restrições à pesca nas margens do Rio Miranda forçaram muitos hotéis a aumentarem a estrutura para receber ecoturistas.
Quem saiu ganhando foi o turista, que ainda conta com confortáveis fazendas repletas de opções de atividades para quem deseja ver os bichos do Pantanal ou simplesmente vivenciar o dia a dia do autêntico pantaneiro na lida com o gado. Difícil embarcar na viagem de volta...
Fonte: MS Notícias

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