segunda-feira, 14 de junho de 2010

Por enquanto, o único Geopark no Brasil

O Geopark Araripe é o único parque fossilífero das Américas e do hemisfério sul reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Discutir a importância dessa área para o desenvolvimento da região do Cariri é um dos objetivos do Seminário Internacional sobre Geoparks e Geoturismo, aberto ontem pela manhã no Banco do Nordeste, em Fortaleza. O evento prossegue até hoje à tarde, reunindo especialistas brasileiros e estrangeiros no assunto.

Além disso, o seminário pretende divulgar o programa global de Geoparks da Unesco, criado em 2000, e contribuir para a criação de novos geoparks no Brasil e nas Américas. Atualmente, existem 53 deles em todo o mundo. Com exceção do localizado no Ceará, todos os outros estão na Europa ou na Ásia.
Outro ponto importante é que o evento faz parte da estratégia de sensibilização montada pelo Governo do Estado para a certificação do Geopark Araripe, que terá de ser reconhecida novamente pela Unesco em 2009. Segundo o secretário das Cidades, Joaquim Cartaxo, a maior parte dos especialistas participantes do seminário integra a rede de avaliadores da Unesco.
No próximo ano, conforme Cartaxo, a Secretaria das Cidades disporá de R$ 12,5 milhões para investimentos em infra-estrutura e equipagem do Geopark Araripe. Entre as ações previstas, estão a construção da sede do parque, que funcionará na Universidade Regional do Cariri (Urca), e do Centro de Eventos e Cultura do Cariri, ambos no Crato. Conforme o secretário, a previsão é de que a contratação dos serviços comece em fevereiro próximo.
De acordo com Cartaxo, podem ser implantados novos 33 geoparks no País. Como sede do único atualmente existente, o Ceará tem responsabilidade de contribuir, junto à Unesco, para a formação de uma rede pan-americana de geoparks, e deve receber a 1ª reunião da entidade sobre o tema nas Américas em 2009 ou 2010.

Desenvolvimento
Na abertura do evento, o governador do Estado, Cid Gomes, lembrou que o Geopark Araripe é mais uma oportunidade para desenvolver a região do Cariri e, assim, eliminar a tendência histórica de concentração de riquezas na Região Metropolitana de Fortaleza. Ele acrescentou que o geopark tem valor não apenas local, mas para o Brasil e para as Américas. “Deve ser visto como uma reserva que tem que ser muito bem cuidada”, disse.

O governador reconheceu o problema da venda ilegal de fósseis e pedras da região e disse que, por isso, é preciso associar o potencial natural do geopark à criação de alternativas de renda para a população, evitando a exploração irregular desse patrimônio. Cid Gomes destacou também a construção do Hospital Regional do Cariri, de uma nova estação de passageiros do Aeroporto de Juazeiro do Norte e de novas rodovias como ações que favorecerão o desenvolvimento do geopark.

Na palestra de abertura, a integrante da Rede Global de Geoparks da Unesco e diretora do Geopark Madonie, na Itália, Rosaria Modica, falou sobre a necessidade de investimentos em educação na região onde ficam os geoparks.
Sobre essa questão, a secretária-adjunta de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Teresa Mota, destacou a necessidade de organizar um corpo humano ao Geopark, por meio da capacitação de pesquisadores, professores e instrutores e da população. Uma das ações, tomadas, segundo ela, foi o reforço do mestrado em Bioprospecção, para o estudo das plantas nativas, e a criação do curso de graduação em Turismo, ambos na Urca.

Mais informações:
Secretaria das Cidades
Centro Administrativo Governador Virgílio Távora - Fortaleza
(85).3101.4448
http://www.cidades.ce.gov.br/

O QUE ELES PENSAM
Projeto favorece comunidade. É claro que os geoparks podem conciliar desenvolvimento econômico e social. É incrível o que aconteceu no Cariri nos últimos dois anos, depois do geopark. As pessoas vão lá, visitam o museu, compras coisas, isso gera desenvolvimento.
Gero Hilmer
Professor da Universidade de Hamburgo, Alemanha

Uma característica dos geoparks, mesmo na Europa, é de estarem em regiões pobres, menos desenvolvidas. Ele não é apenas uma classificação ou um patrimônio, mas um projeto de desenvolvimento sustentável. É importante que a comunidade esteja envolvida.
Armindo Jacinto
Dir. do Geopark Naturtejo, Portugal

Todos os projetos em nosso geopark estão dirigidos às comunidades locais e ao turismo. Especialmente as comunidades das escolas participam muito das atividades de informação sobre os geoparks. A educação ambiental é uma maneira de envolver a comunidade.
Rosaria Modica
Diretora do Geopark Madonie, Itália

O geopark é quase um roteiro de visitação. A pessoas visitam e conhecem a história, a evolução geológica daquele local. A população tem a auto-estima valorizada com o desenvolvimento da região. Mas é fundamental investir em educação.
Paulo Boggiani
Professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP)

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