domingo, 7 de fevereiro de 2010

Bonito, história e lendas!


Origem do município.

Bonito tem suas origens na história da formação do município de Miranda, ligada à expansão espanhola do século XVI no vale do Paraguai, como ponto de apoio às expedições que pretendiam alcançar as minas do Peru.

Em 1580 Ruy Dias Melgarejo funda a primeira cidade de Santiago de Xerez às margens do rio Mbotetei (rio Miranda). Após vários conflitos com os índios que habitavam a região, o povoado muda-se para as margens do rio Mondego (Aquidauana), permanecendo apenas algumas famílias que conviviam pacificamente com os indígenas. Esse relacionamento amistoso facilitou a implantação da Missão Itatim, que foi alvo constante de ataques de bandeirantes paulistas e colonos espanhóis que pretendiam aprisionar os índios e mestiços aldeados para escravizá-los.

Com a descoberta de ouro em Cuiabá a Coroa Portuguesa expulsa os espanhóis da região do vale do rio Paraguai. O Presídio de Nossa Senhora do Carmo do Rio Miranda foi construído em 1778 a mando do capitão-general da Capitania de Mato Grosso, Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Um pequeno povoado começou a desenvolver-se em volta do presídio, que em 1857 é elevado à categoria de vila e passa a denominar-se Miranda, e em 07 de outubro de 1871 é elevada à categoria de Município.

Durante a Guerra do Paraguai (1865-1870), vários colonos e fazendeiros ajudaram no abrigo e condução das tropas até a região de fronteira. Também os índios Guaicuru participaram dos combates. Após o final da guerra, muitas pessoas que haviam fugido retornaram, junto de novos colonos vindos de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e outras regiões. Muitas famílias foram dizimadas pelos constantes ataques indígenas, dificultando a criação de um povoado.

A Fazenda Rincão Bonito, de propriedade do Sr. Euzébio, foi adquirida pelo Capitão Luiz da Costa Leite Falcão, que aqui chegara em 1869, com a missão de expulsar os índios da região. O Capitão Falcão foi o primeiro escrivão e tabelião do lugar, incentivando a fixação dos primeiros moradores da vila. Em 11 de junho de 1.915, a vila Rincão Bonito é elevada a Distrito de Paz de Bonito, desmembrando-se a área do município de Miranda, mas com subordinação administrativa. Foi elevado à condição de município em 02 de outubro de 1.948.

Lendas em Bonito / MS

Conhecida pelas suas belezas naturais, o município de Bonito se destaca também pelas suas lendas e histórias do passado. Aproveite o texto para curtir a cultura deste local abençoado pela mãe natureza!

Lenda das 700 luas

Houve uma época em que toda a região da Serra da Bodoquena era habitada pela brava e admirável nação indígena dos Terena. Entre os valores que cultuavam, o amor se sobressaía.

Cacai, a mais bonita de todas as jovens terenas pertencia a uma tribo localizada próxima à Gruta do Lago Azul, mas os guerreiros de todas as tribos já haviam ouvido falar da índia e seus encantos.

Um de seus pretendentes, um jovem cacique escolheu Cacai para companheira e, como mandava a tradição, convidou-a para o pacto das 700 luas. Nele noivo e noiva se conheciam durante 700 luas e em seguida ambos decidiriam quanto ao casamento (a resposta, positiva ou não era aceita respeitosamente por outros membros da tribo), que ocorria na Gruta do Lago Azul, onde eram pronunciadas palavras mágicas que só os velhos terenas conheciam.

Transcorria o namoro de Cacai com o jovem chefe da tribo, como era do costume daquela gente, mas o "deus do destino", que coloca os sentimentos no coração das pessoas, tinha outros planos para Cacai. Certo dia caiu prisioneiro daquela tribo um guerreiro estrangeiro. Tinha a pele clara e carregava nos olhos um brilho que Cacai jamais vira. Os seus cabelos castanhos apresentavam mechas brancas, revelando que aquele guerreiro forte e ágil era quase um ancião. Cacai cuidou de seus ferimentos, ensinou-lhe a sua língua, conquistou a sua alma e... descobriu que ele era o verdadeiro amor da sua vida.

Quando as 700 luas passaram, a resposta de Cacai foi de que não se casaria com o chefe da tribo. Ele inconformado e enfurecido obrigou a realização do ritual, contrariando a sagrada tradição terena. O pacto foi realizado, e para desespero de Cacai, as palavras mágicas foram pronunciadas. Não havia mais esperanças para Cacai e seu amado. Qualquer mulher que quebrasse o sagrado juramento tinha o seu coração traspassado por uma fria flecha terena. Cacai sabia disso, mas sabia também que devia obediência ao valor supremo do amor. Curvou-se a ele. Naquele mesmo dia fugiram numa canoa, descendo o rio Formoso. O cacique reuniu seus guerreiros e... Cumpriu-se a maldição. O sangue de Cacai e seu amado foram tornando a água do rio Formoso cada vez mais limpa e quando a última gota foi derramada, todo o rio e até seus afluentes estavam com a água cristalina e transparente como fora o coração de Cacai.

Lenda do Sinhozinho

Figura mítica, um homem considerado santo por seus seguidores, Sinhozinho já se incorporou à história e ao folclore bonitense. O "mestre divino", curandeiro e milagreiro, senhor de barbas longas, olhos e cabelos claros apareceu na região por volta de 1944.

Vestia um longo manto sob o qual seu braço esquerdo permanecia sempre escondido, sem nunca ter sido visto. Alimentava-se apenas de frutas, mandioca, peixe e mel, do qual carregava sempre um frasco e molhava os lábios constantemente. Não falava, comunicando-se apenas por gestos que fazia para o alto (...).
Sua mais famosa lenda é a da imensa serpente que vive no subsolo da cidade, e que um dia sairá e acabará com tudo, caso as pessoas não cuidem bem da natureza...

Durante suas peregrinações pela região, construiu várias cruzes de madeira que deixou fincada por onde passava.

Por ter arrebanhado inúmeros seguidores, e pelos seus poderes de curar enfermidades, despertou a ira de autoridades e comerciantes de medicamentos, que se tornaram seus inimigos. Foi preso e morto, e diz a lenda que seu corpo foi esquartejado, tendo cada membro jogado em um dos rios da região, o que explicaria a limpidez cristalina das águas.

Até os dias de hoje, em 12 de outubro, ocorrem procissões à Capela do Sinhozinho, localizada próxima ao Rio Mimoso, onde ainda está guardada uma de suas cruzes, objeto da adoração de seus devotos.

Textos: Daniel de Granville e Maria Antonietta Castro Pivatto

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