sábado, 13 de fevereiro de 2010

Origem dos Bixos

A origem do trote no vestibular vem da idade média, quando os estudantes recém-admitidos eram colocados numa sala chamada vestíbulo ( de onde vem vestibular). Nesta sala os estudantes tinham seus cabelos raspados, medida usada para evitar doenças, principalmente a este ( cuja propagação, como hoje sabemos, nada tem haver com os cabelos). Naquela época os veteranos também gostavam de fazer brincadeiras com os novatos, nem sempre agressivas.
Hoje a tradição de raspar o cabelo se mantém como um sinal de realização, mas em muitas faculdades os trotes estão mudando para uma integração construtiva dos novos integrantes da vida acadêmica, devido aos maus tratos e agressões que já resultaram em mortes.
Tomar um banho de água fria, rastejar na lama, ficar horas algemado em um poste ou ser obrigado a andar nu por aí certamente não são as comemorações que alguém tem em mente ao entrar na faculdade.

Só que, em muitos casos, depois de ter enfrentado o pesadelo do vestibular, o "bixo" ainda tem de encarar esse tipo de "brincadeira", imposta por veteranos sob o disfarce de atividade de integração dos novos colegas: o trote. Felizmente as atividades realizadas com os ingressantes das universidades têm mudado, mas para chegar à grande virada foi preciso, antes, acontecer diversas tragédias (veja abaixo a cronologia dos casos mais marcantes). Para que a brutalidade de uns não acabasse com a tradição de brincadeiras e festas _que muitos "bixos" esperam e gostam de encontrar nos primeiros dias de aula_, grupos de alunos de algumas faculdades buscaram, por iniciativa própria, práticas alternativas e inauguraram o trote solidário.

Apesar de tímida, essa iniciativa ganhou eco e muitos trotes foram substituídos por campanhas de doação de sangue e de arrecadação de alimentos e de roupas. Em 98, os trotes solidários deixaram de ser iniciativas isoladas e ganharam apoio institucional. Foi neste ano que a Fundação Educar DPaschoal deu início ao projeto Trote da Cidadania com alunos da faculdade de engenharia de alimentos da Unicamp, em Campinas e na FGV e FEA-USP, em São Paulo.

Uma pesquisa da Fundação Educar Dpaschoal realizada no ano de 2000 apontava que 54% das universidades brasileiras já praticavam o trote solidário. Neste ano, também surgiram disque-denúncia e campanhas na internet, na UNE e no metrô. A reitoria da USP encomendou uma campanha da Faculdade de Publicidade e Propaganda, que foi realizada pelos próprios alunos do curso com seguinte slogan “Veterano consciente trata o bixo como gente” em cartazes espalhados pela cidade universitária.

Todas essas frentes surgiram com um só objetivo: o de despertar veteranos e calouros para uma nova forma de integração que fosse acompanhada de consciência social e de participação ativa. O trote solidário, que promove ações voluntárias de veteranos e calouros nos primeiros dias de aula, foi então desdobrado em trote cidadão, trote social, trote cultural e trote ecológico. O que não falta é criatividade para guardar uma boa marca da entrada na universidade: desde que não seja na pele.

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